Um número crescente de empresas americanas que operam na China está reconsiderando suas operações no país, segundo pesquisa da Câmara de Comércio Americana na China (AmCham). A tendência reflete o impacto das tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo, especialmente após o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos.

Em 2023, 30% das empresas consultadas afirmaram ter buscado alternativas ou transferido parte de sua produção para fora da China. O índice é o dobro do registrado em 2020 e está relacionado a esforços para fortalecer cadeias de suprimentos após a pandemia de Covid-19 e mitigar os riscos associados à disputa comercial.

O presidente da AmCham China, Michael Hart, alertou que a tendência de relocalização é preocupante para a economia chinesa. Ele destacou que muitas empresas estão diversificando suas operações para outros mercados, sobretudo países em desenvolvimento na Ásia e economias avançadas como EUA e União Europeia.

O cenário é agravado pelos planos comerciais do presidente Trump, que considerou aplicar tarifas de 10% a produtos chineses, embora tenha adotado um tom mais conciliador em declarações recentes. As políticas de restrição ao acesso da China a tecnologias avançadas, como semicondutores, e as retaliações de Pequim também aumentam a pressão sobre empresas de tecnologia e pesquisa, com 41% do setor já avaliando relocalizações.

Apesar do êxodo, um terço das empresas entrevistadas apontou uma melhora na qualidade do ambiente de negócios na China em 2023. Michael Hart reforça que o país continua sendo estratégico para muitas companhias, mas que os desafios de acesso ao mercado e competição com rivais locais seguem significativos.